quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

"Sacolas e sacolas de dinheiro": uma morte e vários feridos.

Estamos sempre ouvindo e vendo nos noticiários malas de dinheiro roubado, dinheiro roubado escondido na cueca, dinheiro lavado, lavagem de dinheiro, dinheiro em contas milionárias nos paraísos fiscais etc. Hoje, quando foi noticiado o episódio de violência em São Miguel do Araguaia, me chamou a atenção a forma como o repórter disse que os ladrões levaram dos bancos "sacolas e mais sacolas de dinheiro". O ocorrido chocou a população, estamos todos/as consternados/as com a morte da jovem advogada, servidora pública local, e com os feridos, ainda sob cuidados médicos. Violência é violência, em qualquer lugar e em qualquer proporção. Em uma cidade pequena e tranquila como São Miguel do Araguaia assume proporções ainda maiores. Mas, no fim, o que mais me incomoda e entristece é a motivação de toda essa violência a que assistimos: a ganância; a pressa em ter as "burras" cheias de dinheiro, em pouco tempo e sem o desgaste do trabalho, afinal de contas, "quem trabalha não tem tempo de ficar rico" e esse parece ser o único e importante sentido da existência, ficar rico! Encher sacolas e mais sacolas de dinheiro, custe o que custar, inclusive a vida humana. A que ponto chegamos. E a segurança pública? Ora, a segurança pública, a que temos direito e pela qual pagamos caro, está a serviço dos interesses do Governador, não tem tempo para coisas menores, como, por exemplo, defender a vida de uma servidora da justiça. A que ponto chegamos!

Um comentário:

  1. Precede a questão da segurança pública a dos valores que cultivamos. Os valores que a sociedade canoniza, o modelo de educação que perpetuamos na escola. Forjamos alunos para serem homens bem sucedidos e nosso conceito de bem sucedido é mesmo ter as "burras" cheias de dinheiro. Tratamos como heróis os ladrões de performances cinematográficas. Talvez estaríamos aplaudindo o assalto de São Miguel se não fosse a morte da servidora, da mesma forma que aplaudem o assalto ao banco central em Fortaleza, ainda hoje. Ao que parece, o que importa é ter muito dinheiro, mesmo que ele venha do desvio de verba destinada à compra de vacinas ou de qualquer segmento que compõe o erário. Nosso padrão de comportamento se pauta por lemas como: "Ao ladrão que rouba ladrão, cem anos de perdão." E o pior, aceitamos isso.
    Dá pra acreditar no que aconteceu à minúscula São Miguel do Araguaia? Nas imediações das residências das autoridades não acontece isso. Por que bandido é empurrado para longe, onde há menos holofotes. Politica de segurança pública é pacificar favelas expulsando os bandidos de lá e pronto. Nosso governador nem mendigos permite no centro de Goiânia. Pedintes tomam na cara se derem as caras por lá. Mas em São Miguel pode e dane-se!

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