sexta-feira, 17 de junho de 2011

Tempo sem tempo


Reservemos um tempo na agenda lotada
E um espaço na vida corrida
Vamos dar uma chance à vida
Vamos viver aquilo que tanto queremos
Permitamos nos enlouquecer
                                                   um ao outro
                                                   um com o outro
                                                   um no outro
Numa só emoção
Numa só explosão

Emoção / explosão momento vida

Enigma



simpatia 
polidez 
indiferença
muito perto para tão distante
distância tão próxima
proximidade distante
astuta 
assusta 
emudece 
afasta
"De repente não mais que de repente"
o sorriso iluminado de antes
o mesmo brilho quente no olhar
vaga-lume 
vaga vaga 
vagando 
vai e vem
entusiasmo 
euforia 
marasmo 
melancolia
F R U S T R A Ç Ã O!
indiferença?
desinteresse?
mais um jogo?
então?

silêncio...

Enigma II




sentimentos confusos
sentinelas obtusos
a sorte está lançada:
é pegar ou largar
pegar e largar
pegar pra largar
largar pra pegar
joga na esteira da ponte
despreza no leito do rio
deixe que a correnteza arraste
a deriva entregará ao destino

Lascívia



O grito suave do instinto ancestral ecoa pelos lençois de seda anunciando o cio da fera faminta sede fome e desejo o uivo infinito o gemido lascinante não deixa à vítima a menor chance de defesa quem quer se defender afinal?! entre gemidos e ruminações enrolam-se os corpos confundem-se os odores dois corpos em um só corpo oito patas em um só movimento oito olhos em um só olhar na mesma direção em busca da mesma emoção

Sombra



A magia ressurgiu na tarde mágica
brilho ofuscado coberto
um corpo cobre o outro
um corpo aquece o outro
proximidade... invasão
brilha estonteante
aguarda
o corpo caloroso retém
vai-se
não vem
ela espera resplandecente
espera... perde o brilho
uma sombra lhe cobre o rosto
teria caído uma lágrima?!
Nada
foi um sorriso
afastou-se a sombra
ele vem e lhe cobre com seu corpo
com sua luz
ela resplandece...

De Cifras

Olhos penetrantes do bruxo astuto enxergam nos recônditos mais distantes da alma os segredos profundos trancados a sete chaves nada lhe escapa nada lhe foge nada lhe envolve nada lhe perturba sabe de tudo parecendo não saber de nada esgueira esguia volve verte foge corre esquiva-se... medo? a magia da palavra revela a alma calemos pois ou falemos  clandestinamente o clã destino teia tecida pela cifra nos acordes temerários das entranhas mostrar expor ler as entranhas abertas e as víceras rasgadas só o leitor sabe ler as cifras e tocar os acordes que decifram os enigmas venais a palavra mágica desvela mostra ao leitor os sentimentos tormentos é preciso cifrar o leitor decifra é preciso esconder... medo? laços são amarras que amarram ao perigo de prender a alma absorta escraviza o corpo na necessidade ardente temente dependente NÃO! é preciso cifrar e impedir os acordes mágicos da melodia silenciosa que decifra....

Devagar



agora, eu ando bem   d  e  v  a  g  a  r
              Já tive pressa
              corri muito
              tropecei
              escorreguei
              dei com a cara na porta
              bati com a cara na árvore
              caí
              desacelerei
              parei
              estou calma e paciente...
              e é assim que quero te amar
              calmamente
              lentamente
              docemente
              suavemente
              leve 
              solta  
              livre
              como pena no ar

Magiquinhas de Laurinha


Laurinha!!! Cadê seu anelzinho de pérola que a vovó te deu?! 
Mamãe... mãezinha... é que .... mamãe eu...
Para de gaguejar e fala, menina!
Eu fiz uma magiquinha, mamãe, lá na sicola...
Iii??
Eu fiz a magiquinha e ele buuummm sumiu




O tempo

                 
                 o tempo paira sobre a palma da mão
             flanando no ar
             se não o apanhar
             com rápido e preciso golpe
             ele escorre pelas frestas dos dedos
             ... 
             impossível recuperar

ORAÇÃO

PRECE DE CÁRITAS
Psicografada na noite de 25 de dezembro de 1873
pela médium Madame W. Krill, num círculo espírita de Bordeaux, França



            
Deus, nosso pai
vós que sois todo poder e bondade,
dai força àquele que passa pela provação,
dai luz àquele que procura à verdade,
ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.
 
DEUS,
dai ao viajor a estrela  guia,
ao aflito a consolação,
ao doente o repouso.                                               
 
PAI,
dai ao culpado o arrependimento,                                                 
ao espírito a verdade,
à criança o guia,
ao órfão o pai
 
SENHOR,
que a vossa bondade se estenda sobre tudo que criaste.
Piedade, Senhor, para aqueles que não vos conhecem,
esperança para aqueles que sofrem.
Que a vossa bondade permita aos espíritos consoladores
derramarem por toda parte a paz, a esperança e a fé.
 
DEUS,
um raio, uma faísca do vosso amor pode abrasar a terra.           
Deixai-nos beber nas fontes esta bondade fecunda e infinita
e todas as lágrimas secarão, todas as dores acalmar-se-ão,
uma só oração, um só pensamento subirá até vós,
como um grito de reconhecimento e de amor.
Como
Moisés
sobre a montanha,
nós Lhe esperamos com os braços abertos.
Oh bondade!
Oh beleza!
Oh perfeição!
E queremos, de alguma sorte, alcançar vossa misericórdia.
 
DEUS,
dai-nos força para ajudar o progresso, a fim de subirmos até vós,
dai-nos a caridade pura,
dai-nos a fé e a razão,
dai-nos a simplicidade, que fará de nossas almas...
um espelho, onde se refletirá a vossa santa e misericordiosa imagem.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

ELE X ela na academia


Disse ELE: Precisamos olhar para trás, para o passado, como foi feito anteriormente, entendermos como se deu a exaustão, porque a exaustão é importante e necessária.
Respondeu ela: Por que é que a gente precisa ficar grudada no passado, parece que só o que passou é que é bom, tudo que é bom ta lá nas glórias do passado, só o passado glorioso é que é bom.
Disse ELE: A senhora diz isso porque a senhora não tem história.
Replicou ela: eu não entendo como que em pleno século XXI um homem ainda diz pra uma mulher que ela não tem história, que um professor universitário, 'doutor' 'bem formado', com 'modos europeus' acredite que pobres, negros, indígenas e outras minorias não têm história... Com base em quê o senhor afirma que eu não tenho história? Por que o senhor acha que eu não tenho história? Porque a escrita da minha história não se conforma ao modelo que o senhor tem de história?... Eu tenho história, sim, só que a minha história foi escrita com a vida na vida... Com autoria e autenticidade... Não é como a sua história, imitação grosseira e frustrada de tantas histórias repetitivas, sempre iguais, escritas sem vida, escritas com pena murcha e tinta seca em papel roto, cheirando a bolor... histórias fossilizadas, em uma língua morta, sem sangue, sem vida, sem originalidade... Imitação das narrativas de feitos heróicos de poucos sobre muitos... histórias inventadas, construídas e repetidas... sempre fieis ao modelo único de repetição da história única, perpetuando valores injustos, imorais e descabidos, mas de acordo com o modelo... Um amontoado de papel bolorento e tinta seca, como as histórias que o senhor impõe aos seus alunos, exigindo deles a leitura única da única verdade escrita... Cegando gerações inteiras, década após década.... Se é essa a história que o senhor me cobra... Quero continuar sem história... Quero morrer sem história... E quem sabe morta eu não consiga encontrar-me com o senhor, Senhor, que já se encontra entre os mortos, historicamente mortos. 

Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. N. A.