sexta-feira, 23 de março de 2018

II Congresso Internacional Línguas, Culturas e Literaturas em Diálogo - SIMPÓSIO 7

POSTURAS LINGUÍSTICAS DECOLONIAIS
Tânia Ferreira Rezende. Doutora em Linguística pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora na Universidade Federal de Goiás (UFG)
E-mail para envio de propostas: taniaferreirarezende@gmail.com
Resumo
O neoliberalismo, “entendido como o discurso hegemônico de um modelo civilizatório [e como] a síntese dos pressupostos e dos valores básicos da sociedade liberal moderna” (Lander, 2005, p. 21), fundamenta o modo de ver e significar o mundo na contemporaneidade. Esse discurso naturaliza os conhecimentos válidos e as línguas de veiculação dos conhecimentos. Esse modelo civilizatório vem sendo construído, desde as grandes navegações, no século XV, constituindo o sistema-mundo (Walerstein, 1974) eurocêntrico, isto é, a Europa no centro, a Ásia, a África e a América nas bordas do poder mundial. Depois da Segunda Guerra, o poder mundial é reconfigurado e as línguas de conhecimento são o inglês, o francês e o espanhol, com franca dominação do inglês. Fundamentados na ontologia que separa e opõe homem e natureza; sujeito e objeto, os projetos de modernidade (colonial, ocidental, liberal e neoliberal) desconsideraram e subalternizaram os conhecimentos e as línguas dos povos situados à margem do geopoder civilizatório, promovendo, assim, maciçamente identicídio, linguicídio e epistemicídio. Tais práticas são naturalizadas e consideradas importantes empreendimentos na construção das sociedades modernas e desenvolvidas. Pretendemos congregar, neste simpósio, pesquisadoras/es interessadas/os em discutir sobre práticas sociolinguísticas, que refletem posturas políticas e linguísticas decoloniais, com o objetivo de desnaturalizar os discursos hegemônicos sustentadores dos valores coloniais que mantêm às margens das sociedades de conhecimento os povos historicamente subalternizados pelos projetos da modernidade, tais como: os povos ameríndios, os ciganos, os afro-descendentes, surdos, os imigrantes, os camponeses etc. Serão bem vindos trabalhos vinculados aos campos da Política Linguística, do Planejamento Educacional, da Sociolinguística, em suas diversas vertentes, como a sociolinguística variacionista, sociolinguística educacional, sociolinguística interacional, sociolinguística contemporânea, de forma articulada ao paradigma da decolonialidade (LANDER, 2005; MIGNOLO; 2003; GONZALEZ, 2002, entre outros/as), com o objetivo de refletir sobre práticas sociolinguísticas subalternizadas, não legitimadas, nas suas possibilidades de linguajamento (MINGNOLO, 2003).
Palavras-chave: Posturas sociolinguísticas. Decolonialidade. Subalternização.