terça-feira, 25 de junho de 2013

IV SIMELP - PROGRAMAÇÃO COMENTADA

03 DE JULHO (QUARTA-FEIRA) CENTRO DE CULTURA E EVENTOS DA UFG

MESA-REDONDA 
"Gramáticos do português: “Defino minha/nossa obra gramatical como..."
14h - 16h - Sessão I
Maria Helena Mira Mateus (UL/ILTEC)
Linguista portuguesa e Professora Catedrática Jubilada de Linguística na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa(FLUL), Maria Helena Farmhouse da Graça Mira Mateus nasceu em Carcavelos, concelho de Cascais, a 18 de agosto de 1931. Licenciou-se em Filologia Românica, em 1954, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo-se doutorado vinte anos mais tarde, em 1974, em Linguística, na mesma universidade. Em 1978, concluiu a Agregação em Linguística Portuguesa também na FLUL. 
INTERVENÇÃO SOBRE GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Tendo presente a proposta de organização da intervenção na mesa redonda sobre gramática(s) do português, apresentarei, em primeiro lugar, um histórico da Gramática da Língua Portuguesa, focando as suas bases teóricas e o desenvolvimento do escopo global e dos objetivos específicos, desenvolvimento que foi ocorrendo em inter-relação com a participação de novas autoras no decurso dos vinte anos de existência da obra. A preservação das perspetivas teóricas que desde o início singularizaram a Gramática da Língua Portuguesa compatibilizou-se com atualizações de especialidade e abriu-se para novas vertentes de investigação sobre o português. A difusão da utilização da obra, sobretudo no meio universitário, trouxe consigo o enriquecimento que sobrevém da vivência e da experimentação de hipóteses e propostas da investigação teórica quando aplicadas sobre o objeto da pesquisa. Tratando-se de um estudo de duas faces – resultados da investigação 16 sofisticada e disponibilização, a um público informado mas não especializado, de análises das produções reais dos falantes – as apresentações públicas de um trabalho desta natureza devem ser vistas como contribuição para o desenvolvimento da consciência linguística dos falantes. Exemplificando com a análise de um aspeto caracterizador do português, procurarei demonstrar a capacidade de explicitação da nossa opção teórica e dos dados que permitem a sua aplicação. 
Evanildo Cavalcante Bechara (ABL/UERJ)

Evanildo Cavalcante Bechara nasceu  no Recife (PE), em 26 de fevereiro de 1928. Professor titular de Língua Portuguesa, Linguística e Filologia Românica da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques, de 1968 a 1988. Em 1971-72, exerceu o cargo de Professor Titular Visitante da Universidade de Colônia (Alemanha) e de 1987 a 1989 igual cargo na Universidade de Coimbra (Portugal). Professor Emérito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1994) e da Universidade Federal Fluminense (1998). Quinto ocupante a Cadeira nº 33, eleito em 11 de dezembro de 2000, na sucessão de Afrânio Coutinho e recebido em 25 de maio de 2001 pelo Acadêmico Sergio Corrêa da Costa. Membro titular da Academia Brasileira de Filologia, da Sociedade Brasileira de Romanistas, do Círculo Linguístico do Rio de Janeiro. Membro da Société de Linguistique Romane (de que foi membro do Comité Scientifique, para o quadriênio 1996-1999) e do PEN Clube do Brasil. Sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Internacional da Cultura Portuguesa. Doutor Honoris Causa da Universidade de Coimbra (2000). (http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=504&sid=311)
COMO DEFINO MINHA GRAMÁTICA? 
Nascida por uma proposta da Cia Editora Nacional, para rever e atualizar o livro didático de Eduardo Carlos Pereira de maior circulação no país – Gramática Expositiva (Curso Superior) –, acabou a Moderna Gramática Portuguesa substituindo a excelente obra do autor paulista. Assim, em 1961, saiu a 1ª edição da MGP procurando trazer várias novidades que a linguística estrutural estava introduzindo no Brasil pela competente lição de Mattoso Câmara Jr. Ao lado da renovação de muitos conceitos, a MGP procurava também arrolar uma série de fatos da língua nem sempre bem conduzidos e resolvidos pela tradição purista de português brasileiro. A obra reflete também a boa lição de sintaticistas do porte de M. Said Ali e Mário Barreto no Brasil, ao lado de Epifânio Dias, em Portugal. A boa aceitação por parte de professores e alunos de todos os níveis justifica a permanência até hoje da MGP na bibliografia didática. Em 1999, ao sair a 37ª edição, a MGP recebeu o contributo teórico e descritivo de novos linguistas, entre os quais cabe especial relevo a Eugenio Coseriu, Herculano de Carvalho e AlarcosLlorach. 
Mário Perini (UFMG/CNPq)
É atualmente professor no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Minas Gerais. Foi professor na PUC-Minas e na UNICAMP e professor visitante nas universidades de Illinois e do Mississippi (EUA). É autor de doze livros, dentre os quais Para uma nova gramática do português; Gramática descritiva do português; Sofrendo a gramática (Ática),Modern Portuguese, Talking Brazilian; Modern Portuguese – A Reference Grammar (Yale University Press). Publicou na Parábola Editorial: A língua do Brasil amanhã e outros mistérios (2004); Princípios de linguística descritiva (2006); Estudos de gramática descritiva: as valências verbais (2008); Gramática do português brasileiro(2010). 
(https://ssl4100.websiteseguro.com/parabolaeditorial)
DEFINO MINHA OBRA GRAMATICAL COMO A TENTATIVA DE ENCONTRAR 
RESPOSTA ÀS PERGUNTAS: POR QUE ENSINAR GRAMÁTICA? QUE GRAMÁTICA 
ENSINAR? 
Por que ensinar gramática? 
A justificativa tradicional da presença da gramática na escola é que ela seria um dos instrumentos que facilitam a aquisição da língua padrão escrita. No entanto, um exame dos fatos mostra que essa justificativa é falsa: aprende-se a língua padrão através da prática, principalmente da leitura e da escrita, não através dos estudos gramaticais. Sustento que a gramática merece lugar no currículo como uma disciplina científica, ao lado da biologia, da geografia e da química. Por conseguinte, o ensino de gramática deve seguir as linhas gerais da educação científica, enfatizando a observação, a formulação de hipóteses, o raciocínio lógico – exatamente o que o ensino tradicional não faz. 
Que gramática ensinar? 
Outra grande deficiência de nosso ensino gramatical é a falta de adequação empírica: tanto pela preocupação normativa quanto pela falta de respeito aos fatos da língua. Em meus trabalhos de gramática procuro retratar a língua portuguesa do Brasil tal como se apresenta na fala espontânea do povo (o português brasileiro falado) e na imprensa atual (a língua padrão do Brasil). No último meio século os estudos linguísticos chegaram a uma compreensão muito mais avançada da estrutura do português do que a que se encontra nas gramáticas escolares. A imagem da língua representada nas gramáticas escolares é incorreta, mal dirigida em seus objetivos e deficiente em seus fundamentos teóricos. Se a gramática é uma disciplina científica (como defendo), é essencial que se promova uma reformulação de seu conteúdo, levando em conta os resultados da ciência da linguagem. 

Maria Helena de Moura Neves (UPM/Unesp/CNPq)
É licenciada em Letras (em Português-Grego e em Alemão) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1970 e 1974, respectivamente), doutora em Letras Clássicas (Grego) pela Universidade de São Paulo (1978) e livre-docente (Língua Portuguesa) na Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” (1984). É bolsista de Produtividade em Pesquisa - nível IA do CNPq. É professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da UNESP - Araraquara, atuando na Pós-Graduação em Letras. É coordenadora do grupo de pesquisa Gramática de Usos do Português do CNPq e Membro dos grupos de pesquisa: Grupo de Estudos Lexicográficos, do CNPq, sob direção do Prof. Francisco da Silva Borba e Gramática do Português Falado, do CNPq, sob direção do Prof. Ataliba Teixeira de Castilho. É coordenadora da equipe que elabora o Volume de Sintaxe I da Consolidação da Gramática do Português Falado, sob direção do Prof. Ataliba Teixeira de Castilho. É coordenadora, juntamente com Daisi Malhadas e Maria Celeste Consolin Dezotti, do Dicionário Grego-Português, em 5 volumes (1º Vol publicado; 2º Vol. no prelo). (http://www.mackenzie.br/pg_cd_letras_maria_helena.html)
GRAMÁTICA DE USOS DO PORTUGUÊS. A GRAMÁTICA DO PORTUGUÊS 
REVELADA EM TEXTOS.
Apresento duas gramáticas (Neves, 2011 e Neves, 2013, no prelo), as quais mantêm a mesma base teórica (funcionalista) e a mesma fundamentação em usos reais da língua. A segunda dessas obras gramaticais organiza-se particularmente em lições dirigidas a uma aplicação escolar, baseando-se, na medida do possível, em textos completos ou grandes excertos. Ambas as obras têm o mesmo ponto de partida, que se prende, numa indicação geral, a estes princípios funcionalistas: (i) extensão da gramática a processos que atingem o nível do texto, avaliado como produção discursiva, ficando incluídas, na raiz, as determinações da interação; (ii) estabelecimento dos fatos de gramática em uma componibilidade em que se integram os componentes sintático, semântico e pragmático; (iii) avaliação dos fatos gramaticais em ligação com as funções da linguagem. Nessa linha, as duas obras têm a mesma diretriz de organizar os fatos de gramática e as categorias gramaticais (relacionadas às funções gramaticais) a partir dos processos básicos de constituição do enunciado. A referência a classes e funções não é entendida como atribuição de chancelas fixas a determinados itens da língua, pelo contrário prevê-se um espaço muito grande de fluidez categorial, ligada a indefinições e até a superposições funcionais exigidas na ativação da linguagem. Assume-se que o complexo que representa a atividade linguística dos falantes se resolve numa duplicidade básica: submissão a restrições e liberdade de escolha. Joga-se com a capacidade que os falantes têm não apenas de acionar a produtividade da língua (jogar com as restrições), mas também – e primordialmente – de proceder a escolhas comunicativamente adequadas (operar as variáveis dentro do condicionamento ditado pelo próprio processo de produção). 
16h - 16h10 - Intervalo
16h10 - 18h50 - Sessão II
José Carlos de Azeredo (UERJ/CNPq)
José Carlos Santos de Azeredo é doutor em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde lecionou língua portuguesa de 1970 a 1996. Hoje, é professor adjunto do Instituto de Letras da UERJ. É autor de Iniciação à Sintaxe do Português (1990), Fundamentos de Gramática do Português (2000) e de Ensino de Português: Fundamentos, Percursos e Objetos (2007), todos publicados por J.Zahar Editor. (http://publifolha.folha.com.br/catalogo/autores/1068/).
GRAMÁTICA HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA 
O objeto da Gramática Houaiss da língua portuguesa é a variedade padrão escrita do português em uso no Brasil. Identificamos assim um conjunto sistemático de formas e construções da língua 
portuguesa empregadas razoavelmente em comum por escritores / jornalistas / autores brasileiros, desde a segunda metade do século XIX até os dias atuais, em obras literárias, técnicas, científicas e ensaísticas em geral, assim como na maior parte dos textos impressos nos principais jornais e revistas dos grandes centros urbanos contemporâneos. A fixação do início deste período não é arbitrária; é na segunda metade do século XIX, no contexto histórico do Romantismo, que ganha força o debate sobre a identidade da expressão literária brasileira, que nos séculos anteriores tinha sido uma réplica do padrão lusitano. Ainda que do ponto de vista estritamente linguístico se trate de “uma variedade da língua entre outras”, importa reconhecer que ela se distingue das demais por sua condição de ‘modelo de uso’ de âmbito nacional e, em virtude dessa condição, por ser uma competência basicamente adquirida pela intervenção da escola e pela via da leitura. Nosso objetivo vai um pouco além da aferição de um uso e sua descrição. Enfatizando sempre o dom da palavra como traço singular da espécie humana, empenhamo-nos em refletir sobre o funcionamento da linguagem verbal no seu tríplice papel (a) de forma de organização do conhecimento (conceptualização e categorização da experiência do mundo), (b) de meio de codificação do conhecimento em enunciados/textos (expressão), e (c) de forma de atuação interpessoal (comunicação). A gramática não é evidentemente o único, mas é o mais sólido suporte dos papéis explicitados nos itens ‘a’ e ‘b’.

Ataliba Teixeira de Castilho (UNICAMP/USP/CNPq)


Licenciado em Letras Clássicas em 1959, Especialização em 1960, doutor em Linguística em 1966, livre-docente em Filologia e Linguística Portuguesa em 1993, professor titular em 1996 pela Universidade de São Paulo. Ex-professor titular da Universidade Estadual Paulista, campus de Marília (1961-1975), então CESESP. Professor titular aposentado da Universidade Estadual de Campinas (1975-1991) e da Universidade de São Paulo (1996-2006). Atualmente é professor senior na Universidade de São Paulo e professor colaborador voluntário na Universidade Estadual de Campinas. Coordenou os seguintes projetos coletivos de pesquisa: Projeto NURC/SP (1970-1988), Projeto de Gramática do Português Falado (1988-2011), Projeto para a História do Português Brasileiro, equipe de São Paulo, de 1995 a 2011, quando foi substituído a seu pedido. Editor geral da obra coletiva História do Português Brasileiro, 5 volumes, em andamento. Membro do corpo editorial das seguintes revistas: Alfa (Revista de Linguística da UNESP), Linguística (revista da Associação de Linguística e Filologia da América Latina), Revista do GEL, Cadernos de Estudos Lingüísticos (Unicamp), Filologia e Linguística Portuguesa (USP). Tem desenvolvido pesquisas na área de Linguística do Português, com ênfase nas seguintes áreas: descrição da língua falada, sintaxe funcionalista do português brasileiro, história do português brasileiro, análise multissistêmica do português brasileiro. É assessor linguístico do Museu da Língua Portuguesa desde 2006. (http://lattes.cnpq.br/8995142541264871)

DEFINO MINHA OBRA GRAMATICAL COMO... 

A Nova Gramática do Português Brasileiro, publicada em 2010, procura dar voz às dezenas de linguistas brasileiros que vêm descrevendo e historiando essa modalidade da língua portuguesa, nos últimos 40 anos. Canalizei para ali suas descobertas, efetuadas no contexto de projetos coletivos, a que agreguei minha experiência de 50 anos de magistério. Os dados analisados procedem da língua escrita e da língua falada praticada no Brasil. Eles foram dispostos a partir de uma perspectiva teórica própria, que venho desenvolvendo desde 1998. O trabalho destina-se a alunos de Letras e a professores de Português do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio. Em 2012, juntamente com Vanda Elias, publiquei uma versão resumida, intitulada Pequena Gramática do Português Brasileiro. 
Marcos Bagno (UnB)
Marcos Bagno é professor da Universidade de Brasília (UnB). Escritor, poeta e tradutor, se dedica à pesquisa e à ação no campo da educação linguística, com interesse particular no impacto da sociolinguística sobre o ensino. Mantém colunas mensais nas revistas Caros Amigos e Carta na educação; é constantemente convidado a fazer conferências e a ministrar cursos no Brasil, na Argentina, no Urugai, no Paraguai, na Espanha e no Canadá. Tem diversos livros publicados, entre os quais se destacam A língua de Eulália – novela sociolinguística; Preconceito linguístico – o que é, como se faz; Português ou brasileiro? Um convite à pesquisa; Língua materna – letramento, variação e ensino; A norma oculta – língua & poder na sociedade brasileira; Nada na língua é por acaso – por uma pedagogia da variação linguística.
DEFINO MINHA OBRA GRAMATICAL COMO... 

Defino minha gramática como uma tentativa de preencher as evidentes e graves lacunas do currículo atual dos cursos de Letras no Brasil. As pessoas que hoje se formam para exercer a profissão docente não recebem a formação adequada para desempenhar essa exigente tarefa. Por isso, abordo em minha gramática diversos aspectos que ou não são tratados nos cursos ou são tratados de modo muito superficial. Daí a presença, em minha gramática, de uma epistemologia da Linguística, de uma abordagem detalhada dos processos de mudança linguística, de uma história do português brasileiro desde o galego até os dias de hoje, de uma abordagem do nosso léxico desde as raízes indo-europeias, entre outras coisas. Além disso, não é só uma gramática descritiva, é também uma gramática propositiva: digo explicitamente o que se deve e o que não se deve ensinar na escola, argumento em favor da admissão plena e tranquila das muitas formas inovadoras do português brasileiro que já estão fixadas como regras em nossa língua e que, infelizmente, continuam sendo alvo de perseguição por parte dos puristas.

Comentaristas: 
Marli Quadros Leite (USP/CNPq): “O curso dessas gramáticas (visão histórica)”: Tradição, invenção e inovação em gramáticas da língua portuguesa - séculos XX e XXI
Francisco Platão Savioli (USP e Anglo): “O percurso das (dessas) gramáticas nas ações escolares”
Coordenadora: Vânia Cristina Casseb Galvão (UFG/CNPq)

 Esta é uma mesa histórica, de grande importância histórica. Trata-se da reunião de conceituados gramáticos e linguistas, que há décadas vêm propondo gramáticas para a língua portuguesa, com diferentes funções e distintas perspectivas. São apresentadas reflexões acerca da gramática da língua portuguesa e de seu ensino na educação básica. São as mais importantes referências bibliográficas da área, reunidas em uma discussão aberta, reflexiva e avaliativa.


19h - Lançamento de livros e sessão de autógrafos
Local: Centro de Cultura e Eventos da UFG

segunda-feira, 17 de junho de 2013

IV SIMELP PROGRAMAÇÃO COMENTADA

02/07, ÀS 10h -11h30 - CONFERÊNCIA DE ABERTURA 



A linguística e a política linguística: aspectos variáveis em português

Anthony Julius Naro (UFRJ/CNPq)
Maria Marta Pereira Scherre (UnB/UFES/UFRJ/CNPq)
Coordenadora: Tânia Ferreira Rezende (UFG)

Três objetivos norteiam nossa fala: apresentar resultados da pesquisa sociolinguística; politizar a noção de adequação linguística; desencadear a discussão sobre uma lei contra o preconceito linguístico. Nossos principais resultados são sobre a concordância verbal de número de terceira pessoa na fala moderna do Rio de Janeiro e na escrita do português arcaico. Também examinamos a concordância verbal com os pronomes nós e a gente no Rio de Janeiro. Os resultados focalizados, embora relativos a fenômenos variáveis estigmatizados, revelam heterogeneidade linguística ordenada. Argumentamos que a noção de adequação linguística, como uma via de mão única, pode ser tão perversa quanto a noção de erro linguístico de base social e apresentamos reflexões sobre a polêmica causada recentemente pelo capítulo “Escrever é diferente de falar” do livro didático do MEC Por uma vida melhor. A discussão, a nosso ver, revela que a política linguística deve desencadear lutas por lei específica contra o preconceito linguístico, à luz de outras leis contra outros tipos de preconceito, como os de etnia ou de orientação sexual. A consciência do respeito à fala do outro e à própria fala é acima de tudo uma questão de cidadania, que não anula o direito inalienável de falar e escrever múltiplas variedades. 


NESTA CONFERÊNCIA, ESTÁ EVIDENTE A PROPOSTA DE UM DEBATE EM TORNO DOS DIREITOS DAS MINORIAS. CONFERÊNCIA DE SUMA IMPORTÂNCIA CIENTÍFICA, SOCIAL E POLÍTICA, TRAZ NOVA DIMENSÃO DE ANTIGOS PROBLEMAS, MOSTRANDO O LADO E O PAPEL POLÍTICO E POLITIZADOR DA SOCIOLINGUÍSTICA. PARA ALÉM DA DEPREENSÃO DE REGRAS E DA DESCRIÇÃO DE PADRÕES VARIÁVEIS DE USO DO PORTUGUÊS, ENFOCA E RETIRA AS MÁSCARAS QUE COBREM OS PRECONCEITOS DISFARÇADOS DE CONCEITOS CIENTÍFICOS E CATEGORIAS DE ANÁLISE. O TEMPO É DE REVELAÇÃO, DE DESVELAÇÃO, NÃO TEM MAIS COMO IGNORAR OS DIREITOS CONQUISTADOS A DURAS PENAS E O DIREITO LINGUÍSTICO É UM DELES.


Entre 11h30 e 12h acontece a I Sessão de apresentação de pôster (veja lista no site), sob a coordenação da Profª Drª Eliane Marquez da Fonseca Fernandes (UFG)

Entre 14h e 18h30, acontecem os simpósios (veja programação específica no site), na Faculdade de Letras/UFG, nos blocos “Bernardo Élis” e “Cora Coralina”.