domingo, 7 de junho de 2020

LETRAMENTOS ANTIRRACISTAS


A importância da politização do debate

Tânia Ferreira Rezende (taniaferreirarezende@gmail.com)
Laboratório de Políticas de Promoção da Diversidade Linguística e Cultural
Obiah Grupo de Estudos Interculturais Decoloniais da Linguagem
Faculdade de Letras/Universidade Federal de Goiás


Quando tratamos de “fascismo” e de “antifascismo”, de “racismo” e de “antirracismo” estamos lidando com política e com ideologias. Equivale a dizer que não estamos apontando indivíduos nem ações individuais, embora tenhamos que tratar das condutas das pessoas para entender as práticas raciais que caracterizam as práticas racistas no lugar de onde falamos. Temos de falar de política. Sem entender politicamente os meandros do racismo e do sexismo, nesse tempo-lugar em que nos encontramos e como esse tempo-lugar foi inventado e vem sendo narrado para nós, não tem como entendermos de que ‘fascismo’ estamos falando.

Estamos falando de um fascismo racista e sexista, atualizado pela colonialidade globalizada que reconfigura as práticas racistas e sexistas, mas que não começou ontem. Essas práticas vêm sendo construídas, no Brasil, desde 1500 por uma tecnologia de racialização e sexismo engendrada na Península Ibérica, no que nos diz respeito, com a “Reconquista”, e na África, pela invasão e saqueio do Congo, no século VIII, conforme considera Lélia Gonzalez, em “A categoria político-cultural de amefricanidade”.  

A América Latina e, portanto, o Brasil, é uma invenção do colonialismo, com a invasão e usurpação dos territórios dos povos originários. Entretanto, sua construção, literalmente construção, da forma como a conhecemos e a entendemos, ocorreu com a força de trabalho escravizada do ameríndio e do africano. O ameríndio é a referência colonial ao povo habitante do autoritariamente nomeado “Novo Mundo”, e africano é a referência colonial do habitante do continente autoritariamente nomeado de África.

O povo africano foi sequestrado, traficado e obrigado a trabalhar nas colônias do “Novo Mundo”. Foram em torno de 12 milhões de pessoas sequestradas e comercializadas como mercadorias. Dessas, em torno de 2 milhões morreram durante a travessia atlântica. Nos termos de Mbembe, em “Sair da grande noite” e em “Necropolítica”, os “sobreviventes”, embora vivessem, não tiveram existência, ainda assim construíram diversas estratégias de resistências e de lutas.

As mulheres e os homens ameríndios e africanos foram subjugados ao trabalho escravizado, dia e noite, sem descanso, para a construção da nação e o enriquecimento dos senhores e das senhoras, em todas as regiões litorâneas do Brasil. O centro do Brasil, o Brasil Central ou Planalto Central começa, efetivamente a ser explorado, somente no século XVIII, depois de algumas mal sucedidas incursões, no século XVII. Nessa região, a atividade é a preação de indígena para o trabalho nas lavouras do Nordeste e a exploração das minas de ouro e outros metais e pedras preciosas.

Os homens são peças para o trabalho e são guardiões das casas para a segurança dos senhores e senhoras, protegem dos perigos das matas, isto é, dos “selvagens” e dos “ferozes africanos”, seus irmãos, e protegem das feras. Alguns homens são escolhidos para a reprodução, são os “pai-José” das senzalas. As mulheres também são peças para os mesmos trabalhos e são máquinas de reprodução, não de vidas, não de filhos, mas de mais mão de obras para as lavouras e as minas; são também máquinas de sustentos das crianças brancas, são as amas de leite, as Bás. O corpo de uma mulher é uma empresa: trabalha na lavoura ou na mina, sacia a “necessidade” sexual do senhor (é estuprada pelo dono), emprenha do negro-reprodutor, querendo ou não (é estuprada pelo irmão, pai, tio, não há genealogia) gera (fabrica) mão de obra, sustenta a mão de obra e alimenta o senhorzinho (fabrica alimento).  

Não há relação familiar, não há vínculo de pertencimento, as memórias são cortadas, fragmentadas, apagadas (memoricídio), ao mesmo tempo em que suas histórias vão sendo sufocadas pela língua opressora, por meio de linguicídio e de epistemicídio. Não há tratamento afetivo, não há afeto, não há amor. Há castigos, maus-tratos, ódios, revolta, indignação. Há, por outro lado, resistência, resiliência, insurgência. Se mais da metade da população brasileira atualmente é constituídas por pessoas negras, isto é, pessoas pretas e pardas, descendentes dos africanos e dos indígenas, então, houve luta, enfrentamento, essas pessoas sobreviveram. De alguma forma, nossos ancestrais saíram vencedores de muitas lutas, por isso, estamos aqui.

Em meio a todo esse processo de violência e opressão, em que as mulheres são estupradas pelos brancos e pelos negros, vendo/sentindo seus filhos serem moedas e mercadorias, enquanto seu leite sustenta o filho branco da sinhá, a mãe preta materna com leite e com o “pretuguês”, que para Lélia Gonzalez é linguagem e é epistemologia, a infante nação brasileira. Forma-se uma gramática neurótica, confusa, perdida, que não se encontra em sua história. No álbum de família, a mãe da nação é branca, nobre e instruída pela escola culta, europeia, cristã, mas na memória de infância, o colo do afeto, na lembrança trazida pelo cheiro do leite materno, é da mãe preta instruída pelas lembranças dos itans narrados pelos griôs da antiga casa.

Essa nação chega a sua adolescência com todas as neuroses da adolescência, declarando respeito à mãe preta em público, por remorso, mas no fundo, na clandestinidade, envenenando sua comida e desejando sua morte para alívio da família. Ao mesmo tempo em que nega, ama a mãe branca e quer matar o pai, sonhando com o amor da babá. É tanta confusão que mais parece pesadelo. Nas práticas do dia a dia, na clandestinidade sociodiscursiva ou não, todos os problemas que essas pessoas acumularam, envolvendo “poder”, qualquer tipo de “poder”, elas desabafam no corpo abjetado, porque elas acreditam que esse corpo é o culpado de tudo. No final das contas, o cristianismo, com a “culpa da vítima”, que sintetiza a lógica da violência colonial, ainda está vencendo.    

O fascismo tem uma gramática e essa gramática, tendo a América Latina como lócus, inclui categorias racistas, sexistas (machistas e misóginas), classistas. No caso do racismo, essas categorias operam de forma interseccionada, fenômeno anunciado por Lélia Gonzalez, em “Racismo e sexismo na cultura brasileira”, conceituado por Kimberlé Williams Crenshaw e discutido, no contexto brasileiro, por Carla Akotirene, em “O que é interseccionalidade?”.   

Ora, se o fascismo tem uma gramática e se essa gramática é racista, sexista, classista, então, é fundamental pensarmos em letramentos antirracistas para promover a percepção dessa gramática. Por que essa proposta foi diretamente para os letramentos antirracistas? Não é difícil entender que uma gramática racista pressupõe uma gramática fascista, mas que o contrário não é verdadeiro. Logo, letramentos antirracistas são também letramentos antifascistas, ainda que letramentos antifascistas podem não incluir letramentos antirracistas. Passaremos, de forma detalhada, com base na vida cotidiana, às pistas de entendimento do racismo para a promoção do antirracismo.

sexta-feira, 13 de março de 2020

Obiah Grupos de Estudos Interculturais Decolonais da Linguagem


Obiah Grupos de Estudos Interculturais Decolonais da Linguagem está cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do Brasil, tem como líder a professora Tânia Ferreira Rezende da FL/UFG Goiânia e como vice-líder a professora Ana Elizabete Barreira Machado do IFG – Campus de Valparaíso. Sua equipe atualmente é formada, além das líderes, por: docentes da Faculdade de Letras da UFG e docentes da Universidade Estadual de Goiás (UEG), quatro estudantes de doutorado, seis estudantes de mestrado, dois bolsistas de iniciação científica (PIBIC)-de graduação, duas estudantes voluntárias de iniciação científica (PIVIC)-de graduação, e sete estudantes de graduação em elaboração de trabalho de conclusão de curso (TCC e monografia).
O Obiah mantém regularmente um grupo de estudos, com estudos avançados de tópicos de metodologia e de epistemologias com o objetivo de contemplar a natureza das pesquisas realizadas pelos(as) pesquisadores(as) do próprio Grupo e a quem se interessar; e realiza jornadas de estudos e discussões ao longo do ano, com convidados(as) internos(as) e externos(as), sobre temas relevantes para a área da Sociolinguística e para debater o andamento das pesquisas do Grupo.
Com os resultados dos estudos em andamento, o Obiah está propondo uma alternativa para discutir as questões de cor/raça/etnia, interseccionada a gênero e sexualidade, situada geopoliticamente no Brasil Central. Essa perspectiva outra poderá contribuir para o entendimento das definições das categorias contempladas pela Comissão de Heteroidentificação que verifica a autodeclaração para ingresso na graduação e na pós-graduação das universidades e dos institutos federais.
Os estudos sobre metodologia e epistemologia desenvolvidos pelo Grupo representam um avanço no campo dos estudos na área das humanidades uma vez que contemplam a cosmopolítica e sustentam a construção dos estudos cosmolinguísticos, contemplando outras formas ver, refletir sobre e conceber o mundo, e de construir conhecimento, para além dos métodos clássicos.

domingo, 24 de novembro de 2019

Cartas de redenção


ARIEL FEITOSA V. SERAFIM


Primeira carta: O primeiro contato

Goiânia, 20 de fevereiro de 2010.

Cara professora Helena:

Bom dia! Meu nome é Maria Aparecida de Andrade, tenho 10 anos e estou no quinto ano C. Essa carta é minha tarefa de casa para a próxima aula. A senhora pediu pra gente escrever sobre um momento legal com a nossa família, mas não sei se entendi direitinho o tema. Eu poderia falar sobre o último Natal, que foi bem divertido e eu ganhei um MONTE de presentes, mas a Duda e a Bia já vão falar sobre o Natal delas, e a senhora disse que tem que ser um momento especial na vida de cada um, então eu acho bem errado todo mundo fazer a cartinha igual. O momento especial que eu escolhi foi quando eu, meus pais, meu tio Joaquim e minha tia Nana, e o vovô e a vovó fomos à praia durante as férias do ano passado. A gente foi pra Salvador! Ficou num hotel muito chique e passou quase o dia todo numa praia lá perto que se chama Farol da Barra. Eu não sabia que praias tinham nome, a senhora sabia? Elas têm! E são nomes muito criativos, tipo Farol da Barra. Na praia, a gente tomou sorvete, comeu um monte de batata frita e peixe e ficou todo bronzeado por causa do Sol quente, a senhora acredita? Eu fiquei moreninha. Depois, eu fiquei com muito medo de entrar no mar, porque meu pai disse que lá tem peixe e em algumas partes é bem fundo mesmo e eu não sei nadar. Meu tio Joaquim que me levou no colo lá pra dentro da água. Ele é meu tio preferido! sempre é bonzinho comigo, me leva para o cinema e me dá vários presentes, e mesmo não morando em Goiânia com a gente, ele sempre nos visita e diz que foi lá só “pra ver a sobrinha preferida dele” que sou eu. Quando a gente estava dentro da água, eu tinha que segurar bem forte no pescoço do tio Joaquim por causa das ondas. Foi muito legal e agente riu muito! Teve só uma parte meio ruim quando veio uma onda muito grande e forte mesmo e levou a minha calcinha do biquíni. O tio riu de mim, mas mesmo assim disse que não tinha problema e continuou me segurando no colo. Quando a gente saiu da água a minha mãe brigou até comigo e me fez passar o resto do dia enrolada numa toalha perto dela. Foi um saco! Nos outros dias a minha mãe me fez usar maiô e ele era todo lindo, branco com um monte de flores rosa. Entrei no mar de novo, às vezes com o papai, às vezes com o tio Joaquim e às vezes com o vovô e a vovó. Quando a gente foi embora foi muito ruim, porque os tios tiveram que ir mais cedo e minha vó estava passando mal. No carro, voltando pra Goiânia, a mamãe colocou pra tocar todas as minhas músicas preferidas e ela e o papai cantaram todas comigo. A mamãe até chorou na música “Cinco patinhos” da Xuxa, eu ri muito porque isso foi muito bobo! chegamos em casa só de noite. Essas férias foram um momento especial com a minha família, já que foi a primeira vez que eu vi o mar.
Até mais. Um abraço, da sua aluna
Maria Aparecida de Andrade.

Segunda carta: Aluna preferida.

Goiânia, 11 de julho de 2018.

Cara... eu,

Encontrei por acaso a carta que escrevi no quinto ano para a professora Helena, estava guardada numa caixa com vários outros papéis que a mamãe me mandou jogar fora. Resolvi dar uma olhadinha pra ver se não estava jogando nada importante no lixo e por acaso encontrei a tal carta. Acho que vou guarda-la. Sobre a viagem para a praia que eu falo, acho necessário esclarecer algumas coisas. O Joaquim, meu tio, não é um homem bom. Nunca foi. Minha mãe encontrou a minha calcinha na mala dele alguns dias depois, e quando o confrontou sobre aquilo ele não soube explicar, mas a tia Nana sim. Ela contou para mamãe sobre as preferências sexuais do marido. Desesperada, ela explicou que há muito tempo já tinha suas suspeitas, tendo já flagrado o marido consumindo pornografia de meninas muito novas e outra vez ter encontrado peças infantis no armário do Joaquim. Aparentemente a tia Nana não fez nada na época porque não achou que aquilo realmente significasse alguma coisa, pensou que era algo insignificante e devia ser normal para um homem que estava envelhecendo querer mulheres mais novas. Ela até se sentiu mal, achou que era sua culpa por estar ficando velha e fora de forma o marido estar indo atrás desse tipo de conteúdo. Eu sei que esses argumentos não fazem sentido e que muito provavelmente o amor pelo Joaquim a cegou. Desde aquela viagem eu nunca mais vi meus tios. A mamãe me contou sobre aquele dia quando eu comecei a insistir para ir os visitar alguns anos atrás. Eles eram os nossos parentes mais próximos então foi normal eu sentir falta. Lembro até hoje de como ela me contou, entre lágrimas e soluços e segurando a minha mão muito forte. Na hora eu não soube como reagir, afinal sequer me lembrava de ter “perdido” meu biquíni no mar. Fiquei em choque, depois com raiva dos meus pais por terem me permitido entrar no mar com aquele homem, depois com ódio da minha tia por ter sido uma completa imbecil e não o ter denunciado antes e por fim, uma cólera e aversão indescritível para com aquele homem. De um minuto para outro eu me tornei vítima de assédio e abuso e só Deus sabe mais o que aquele homem fez nas inúmeras vezes que esteve a sós comigo. Eu me senti suja, me senti incapaz e vulnerável, me senti totalmente perdida e infeliz. Eu só tinha dez anos quando um homem se achou dono do meu corpo. Mesmo tendo começado a ir à terapia demorou muito para que eu perdoasse meus pais e a minha tia e parasse de culpá-los. Eu nunca perdoei meu tio. Hoje, estou no terceiro ano do ensino médio e tenho dezoito anos. Estou escrevendo porque está acontecendo de novo. Tenho um professor chamado Lucas e ele dá aula de história para a minha turma desde o primeiro ano. E desde aquele tempo ele sempre disse que eu era a sua aluna preferida.  No início, eu achava que ele falava isso por eu tirar notas altas e participar da aula. Achava que os abraços nos corredores e os olhares carinhosos na sala eram normais já que ele era assim com outras garotas, talvez fosse só o jeito dele. Porém, semana passada as coisas mudaram. Entrei na sala mais cedo no primeiro horário para guardar lugar e o Lucas já estava lá corrigindo algumas provas. O cumprimentei e começamos a conversar. Ele fazia piada sobre a resposta que um aluno tinha escrito na prova e me chamou para ver. Aproximei-me e fiquei em pé ao seu lado. Lucas apontou para uma questão e comecei a ler. Ele colocou uma das mãos nas minhas costas e começou a me acariciar. Na mesma hora olhei para ele assustada o que o fez rir. Levantou as mãos como quem diz “sou inocente” e falou entre risos “O que foi Maria? não gosta de carinho?”. Eu ri nervosamente e disse que não era isso, só não estava esperando e tinha me assustado. Comecei a suar frio e engoli em seco. Voltei a ler para acabar com aquilo rápido e ele colocou a mão nas minhas costas de novo. Mas dessa vez ele não se demorou muito lá e a abaixou. Estava com a mão na minha bunda e eu estava petrificada. Ele a apertou e eu quase vomitei. O encarei perplexa. “Você gosta Maria? olha, eu gosto muito de você. É minha aluna preferida. Se você quiser, mais tarde a gente pode sair daqui e...” nesse momento uma amiga entrou na sala. Ela não notou nada, pois ele tirou a mão rapidamente. Saí de perto dele e fui me sentar na minha cadeira ao lado dela. Ela falava sobre o fim de semana e eu apenas fiquei quieta, de vez em quando olhava pra ele. Eu não conseguia acreditar no que tinha acontecido. Ainda não acredito. Lucas tinha me tocado. O meu professor de história tinha me tocado. O homem que tanto me elogiara tinha me assediado. E eu não fiz nada. Um homem adulto colocou a mão em mim e eu... Deixei? Minhas mãos começaram a tremer e olhei para ele de novo. Ele olhou de volta, piscou para mim e voltou a corrigir as provas com um sorriso no rosto. Nada daquilo parecia real para mim. Eu estava vivendo um pesadelo. Olhei fixamente para a minha amiga esperando que ela entendesse toda a situação e fizesse algo a respeito.  Queria que ela começasse a gritar, a fazer um escândalo, que ela saísse de onde estava e estapeasse com todas as forças o Lucas. Mas ela não fez isso, ela não tinha como saber. Eu sabia e não fiz nada. Senti meus olhos encherem de lágrimas e fui ao banheiro. Olhei-me no espelho e vi uma garota pálida e assustada com tamanho horror. Entrei em um box e me permitir chorar finalmente. Chorei silenciosamente durante todo o dia, tremendo e com falta de ar até o final da aula, quando me permitir saí do banheiro e depois da escola. Resolvi ir andando até em casa. Não falei sobre o caso para ninguém porque dessa vez eu sei que a culpa é minha. Eu poderia ter desencorajado as investidas dele desde o primeiro ano, eu deveria ter sido mais inteligente e sacado tudo a tempo, quantas vezes já não tinha pensado sobre como reagiria se caso algo parecido como o que Joaquim fez se repetisse. Mas eu não fiz nada. Dessa vez, eu nunca me perdoaria... Nem eu e nem as outras pessoas.

Terceira carta: Mas você é mulher.

 Goiânia, 27 de novembro de 2022.

Cara eu,

Não quero me demorar nisso, pois estou escrevendo no intervalo do almoço do trabalho e estou cansada. O motivo porque escrevo agora é bem simples: Lucas está sendo acusado de estupro. Aquele mesmo Lucas que me assediou quando eu ainda estava no colégio. Agora, estou no último período da faculdade, já trabalho num jornal, e o homem que me assediou há quatro anos, estuprou uma garota. Não vou fingir que isso não me afeta. Se na época eu tivesse denunciado ou contado para outra pessoa talvez ele já estivesse preso. Mas eu não fiz nada. A culpa é minha? A culpa é da Maria Aparecida de quatro anos atrás? O que eu sei, é que trabalho no jornal que irá publicar a notícia. A minha equipe irá redigir palavra por palavra a história do mais novo estuprador da cidade. É interessante pensar que eu poderia ser uma das entrevistadas. Mas elas tiveram coragem pra falar, meu deus, elas tiveram coragem pra falar para a PORRA DE UM JORNAL e eu sequer me abri para a minha mãe. Todo santo dia escrevo e leio sobre mulheres sofrendo algum tipo de opressão, sei que infelizmente homens como o Lucas existem em maior número do que poderia imaginar. Eu tenho medo. Medo deles. Medo de andar na rua de noite e me deparar com uma versão do Joaquim. Medo de começar a namorar e descobrir que o cara que eu amo assedia meninas. Em quem eu posso confiar?  Nem nos homens que eu escolho conviver diariamente posso colocar fé. Ah, esse é outro assunto interessante, sabe. Porque não bastando eles quererem serem donos do meu corpo, querem ser donos do meu trabalho... Talvez da minha vida. Aqui no serviço homem ruim é o que não falta. “Maria, você é muito bonita, não precisa trabalhar. Consegue qualquer cara rico pra te bancar em dois segundos”, “Maria, você quer mesmo tentar essa vaga? eu sei que é uma posição melhor e mais remunerada... mas você é mulher... como fica o trabalho se tiver um filho?”, “Maria, esta fazendo escândalo demais, por acaso esta na TPM?”, “Maria, eu tenho percebido uns olhares lá no escritório e acho também que eu e você temos muita química. O que a gente pode ter iria beneficiar nós dois, entende? eu falo bem de você pro chefe e te recomendo, e você... bem...”, “Maria, cadê o trabalho que você ficou de entregar?! meu deus, não dá mesmo pra confiar esse tipo de serviço pra uma mulher, exige demais delas.”, “Maria, por que vocês mulheres são tão dramáticas? foi só uma cantada! você nem é isso tudo.” Dramática. Louca. Descontrolada. Histérica. Cadê a sensibilidade feminina? o espírito maternal? ah mas não me diga que você é feminista. Porra, Maria! É histérico demais da minha parte dizer que estou de saco cheio disso? Não estou pedindo demais. Só quero trabalhar sem me perguntarem sobre meus filhos que ainda nem nasceram, sem que olhem pro meu corpo e queiram ele em vez da minha inteligência, quero poder andar na rua sem me preocupar se terá alguém na esquina me esperando, sem ter que me culpar por uma saia muito curta, por um biquíni que se perdeu com a força do mar ou porque não tive força pra dizer não quando eu nem deveria ter estado naquela situação. Eu quero ter os direitos que um homem tem, quero trabalhar em paz, quero amar em paz e quero viver em paz. Eu não estou pedindo muito, estou?

Quinta carta: Eis me aqui.

Goiânia,19 de maio de 2025

Querida eu,

Estou escrevendo na verdade esperando que haja uma resposta no meio destas palavras. Ele me espancou outro dia. Não foi a primeira vez que algo assim acontece, mas é a primeira que eu reajo.   Neste exato momento, estou sentada no banco do carro estacionado em frente a uma delegacia. Quero correr, quero jogar esse lápis fora, amassar esse papel, sair no meio da chuva e ir andando até o meu prédio. Quero subir as escadas até o último andar. Quero estar no terraço, sentir o vento e as gotas se lançarem suavemente contra o meu rosto acariciando o lugar onde ele fez estalar o cinto. Quero olhar para a Lua e gritar o que ele fez comigo. Quero olhar para a rua lá embaixo e sentir que tenho o poder de escolher o meu próximo passo. Eu não quero entrar na delegacia, olhar para outra pessoa e falar em voz alta o que aconteceu. E se eles não acreditarem em mim?  E se eles não fizerem nada? E se isso só o irritar mais? Louca. Dramática. Descontrolada. Histérica.

Sexta carta: É isso?

Goiânia, 10 de dezembro de 2030.

Querida eu,

O dia está bom. Sopra um vento frio que me acalma e contrasta com a fraca luz que o Sol já emite a essa hora. O parque não é tão movimentado de manhã então eu tenho a impressão que estou sozinha com tudo aqui. Vejo pássaros grandes e brancos de pernas longas sob pedras no meio do lago. Observo distante o topo de prédios que cercam o lugar, com suas bases escondidas atrás das densas árvores. Quando me aproximei do lago, consegui ver o meu reflexo na água límpida e brilhante. A mulher que vi deu um pequeno sorriso de volta para mim. Sentada nesse banco enquanto aprecio a beleza desse sutil fragmento da natureza... Eu me sinto na obrigação de escrever pra você, pra mim. As coisas mudaram e eu sou eternamente grata por isso. É anormal eu ser grata a... mim mesma? Porque eu sou. Olho agora o que estou vivendo e é simplesmente inacreditável. “Não, nenhuma palavra expressa à ternura em sua essência e expressão, tudo que eu disser se reduzirá a uma pálida reprodução”. Goethe. Eu não poderia explicar melhor.

Sétima carta: “E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.”.

Goiânia, 5 de janeiro de 2046.

Cara eu,

Acho que me devo isso, essa carta. Esta não é uma daquelas cartas em que eu te explico quão minha vida melhorou desde minha última vez que escrevi para cá. Ela melhorou, mas essa não é a questão. Eu preciso te dizer que fui uma das mulheres sorteadas para ter a vida marcada por homens. Estou batendo demais nessa tecla? Desculpe, não é a minha intenção. Digo, não é como se eu fizesse de propósito. Enfim.
Eu conheci outras pessoas que sofreram nas mãos de outras pessoas, e então ficou mais fácil seguir em frente. Engraçado pensar que a dor une. Ela une. Você escuta alguém te dizer que “Esta tudo bem, pode chorar. Eu já vivi isso, e passa.” e é como se tivesse vivido a vida toda sob a sombra escura e fria de algo que você nem conseguia saber o que era e do nada alguém te puxasse pra luz, pro calor, pro Sol. E agora você é vista. Agora, as pessoas te olham como se você tivesse luz própria. Você pode chorar esta tudo bem. Não precisa ter medo. Eu sei que é difícil. Eu reconheço a sua dor. Chega a ser esquisito pensar que algum dia eu realmente acreditei que tivesse que passar por tudo aquilo sozinha, na verdade, é extremamente esquisito pensar que eu acreditei que tinha que passar por o que eu passei. Eu fiz a denúncia, aquele dia. Nunca mais o vi.
Por um tempo, fiz questão de estar sozinha, de compreender tudo o que me afligia. Eu me reconheci, finalmente. Entender o que estava ao meu redor e dentro de mim me fez temer o futuro. Olhei fixamente para tudo que um dia já me causou dor e isso quase me matou. Mas eu não estava só, nunca estive. Eu tinha diante de mim uma mão estendida pronta para me apoiar. Eu estou feliz porque agora eu me tenho, eu sou minha como eu nunca fui.   
 

PROPOSTA DE DICIONÁRIO LGBTI+ BILÍNGUE LIBRAS / PORTUGUÊS


ÍCARO AUGUSTO SANTOS 

Expressar minhas percepções de como sou em um mundo cisheteropatriarcal não é uma tarefa fácil, é um exercício mental e físico que abre feridas que esse mundo eurocêntrico impõe nas intersecções de subalternização do meu corpo. Ser gay, negro e de origem do vale do são patrício, é trazer comigo um passado machista, racista e patriarcal, que estão  imbricados na construção da minha identidade. Assumir que minha cor de pele, é o que condiciona o meu destino na sociedade, e entender que minha orientação sexual e minha classe social, podem me matar a qualquer momento, é viver com medo de ser quem eu sou. Falar sobre minha subjetividade quanto indivíduo de uma sociedade que sempre me negou esse direito e colocar no papel, as tristes dores e marcas de opressão no meu corpo doem a cada palavra. Parar para refletir quem eu sou é mexer na minha ferida, mas que mesmo sangrando sei que é necessário o curativo para sarar. Sim, escrevo chorando, pois sempre me foi dito que chorar não é coisa de homem, que ser frágil é coisa de mulher. Não, chorar é coisa de gente, coisa de gente que sofre coisa de gente que sente dor. Ande igual homem, ouvia quando criança. Fale como um homem ouvia a todo tempo. Corte este cabelo, você está parecendo “bicho do mato”, ouço até hoje. Assumir quem eu sou é ir contrário a todas essas violências que me foram acometidas durante toda minha vida, por isso, escrevo aos meus, escrevo a cada jovem gay que se sente com medo por ser quem é, escrevo com a força de meus antepassados, que morreram para que hoje eu pudesse aqui estar. Este texto surge por meio de encontros realizados por intermédio de uma Prática como Componente Curricular, na Faculdade de Letras da Universidade de Goiás, com o projeto intitulado: Expressões de percepções: como é ser o que você é no mundo cisheteropatriarcal, com orientação da professora Drª Tânia Resende, na qual pude experimentar o quão bom é ter alguém para se conversar. Sendo assim, surge a proposta de criação de um dicionário bilíngue de Libras/ Português, que abrangem sinais da comunidade LGBTI+, comunidades as quais me encontro inserido, com o intuito de levar informação à comunidade surda, logo, já trago aqui um pequeno vocabulário, tendo em vista que alguns outros sinais ainda estão sendo estudados pela comunidade surda. Para isso, é importante destacar que, os Surdos por muitos séculos tiveram seus direitos violados, uma vez que, eram impedidos de se comunicarem por meio das línguas de sinais. A grande maioria das escolas proibia o uso das línguas de sinais e forçava a oralização e leitura labial em seus alunos surdos. Quando os surdos desobedeciam estas ordens, eram castigados fisicamente e tinham suas mãos amarradas dentro de sala de aula (GESSER, 2009). Os movimentos de surdos (as), bem como os movimentos sociais da comunidade LGBTI+ no Brasil, desde muitos anos, têm buscado o debate para a formação de políticas públicas que assegurem seus direitos como cidadãos (ãs) brasileiros (as). Diante disso, no ano de 2002, foi sancionada a “Lei da Libras”, Lei 10.436, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras), como instrumento legal de comunicação da comunidade surda, propiciando assim a surdos (as), ocuparem espaços na sociedade que antes lhes eram negados. Além disso, vale ainda salientar, que os movimentos LBGTI+ no Brasil, surgem com a criação da Associação Brasileira de Lébicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), fundada em 31 de janeiro do ano de 1995, com a participação de 31 grupos, tornou-se hoje uma rede nacional de mais de 300 organizações afiliadas, sendo a maior organização de gênero da América Latina e Caribe, na qual, tem como objetivo e missão:

promover ações que garantam a cidadania e os direitos humanos de LGBTs, contribuindo para a construção de uma sociedade democrática, na qual nenhuma pessoa seja submetida a quaisquer formas de discriminação, coerção e violência, em razão de suas orientações sexuais e identidades de gênero (ABGLT, 2019).

É importante destacar, que a ABGLT, recebeu em 27 de julho de 2009, o status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, propiciando ao movimento, reconhecimento e atuação de consultora a governos e perita técnica perante a ONU, fortalecendo ainda mais a luta da comunidade, no país que mais mata pessoas da comunidade LGBTI+ do mundo (ABGLT, 2019). Dado exposto as questões sociais, cabe ainda observarmos que toda língua necessita de um sistema de escrita, e que as línguas de sinais, assim como as línguas orais, têm suas especificidades linguísticas e a sua necessidade de uma escrita suficiente e propícia para seus registros de língua viva. Por certo, a Escrita das Línguas de Sinais (ELiS), contempla toda essa complexidade e riqueza, por ser um sistema de escrita alfabético e linear (BARROS, 2015). A saber, os caracteres que contemplam o sistema de escrita de sinais ELiS são denominados de “visografemas” e representam os elementos constituintes das línguas de sinais, sendo eles: configurações de dedos; orientações da palma; pontos de articulação; movimento e expressões não manuais, contemplando assim todos os aspectos das línguas de sinais (BARROS, 2015). Além disso, é composta por apenas 95 (noventa e cinco) visografemas, sendo eles: Configuração de dedos (CD), com 10 visografemas; orientação da palama (OP), com seis visografemas; ponto de articulação (PA), com 35 visografemas; e movimento (M) com 44 visografemas. Além dos visografemas, o sistema tem uma série de regras grafotáticas próprias, a ordem dos visografemas deve ser sempre respeitada: CD,OP,PA,M. Sendo assim, a proposta de dicionário, traz em suas entradas, os sinais escritos em ELiS, e com a utilização da tecnologia “qrcode” (que se pode ter acesso por meio de aparelhos eletrônicos como smartphones e tabletes) também ao vídeo do sinal. Para além de sinal e palavra, a proposta também traz a definição, com o intuito de além de apresentar o sinal e sua escrita, também sua significação para informação da comunidade, como pensamento futuro, tem-se o objetivo ainda de tradução de todas as definições em língua portuguesa, também para vídeo em Libras, utilizando da mesma tecnologia de qrcode. Além disso, a proposta de criação de um dicionário objetiva aqui, refletir sobre a dicionarização de termos da comunidade LGBTI+, na luta contra essa sociedade cisheteropatriarcal, pensando assim, na dicionarização como lugar de poder e legitimação de termos na norma culta da língua. Por fim, trago um protótipo do dicionário a qual desejo construir, na luta contra a LGBTFOBIA, levando conhecimento a todos e principalmente a comunidade surda, a qual é minha casa.

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LGBTI+: Movimento político e social de inclusão de pessoas de diversas orientações sexuais e identidades de gênero. L: Lésbicas; G: Gays; B: Bisexuais; T: Transexuais ou Transgêneros; I: Intersexo; + demais possibilidades de identidades de gênero e/ou orientação sexual.  

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Gênero: conjunto de valores socialmente construídos que definem as diferentes características (emocionais, afetivas, intelectuais ou físicas) e os comportamentos que cada sociedade designa para homens e mulheres. Diferente do sexo, que vem determinado como o nascimento, o gênero se aprende e se pode modificar, sendo, portanto, cultural e socialmente construído.

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Identidade de Gênero: refere-se ao gênero com o qual a pessoa se identifica (se ela se identifica como sendo um homem, uma mulher ou se ela vê a si como fora do “padrão” convencional). Esse gênero com o qual ela se identifica pode ou não concordar com o gênero que lhe foi atribuído quando de seu nascimento. Identidade de gênero e orientação sexual são dimensões diferentes e que não se confundem. Pessoas transexuais podem ser heterossexuais, lésbicas, gays ou bissexuais, tanto quanto as pessoas cisgênero.

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Orientação Sexual: Termo utilizado em referencia à orientação do desejo sexual.

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Cisgênero: pessoa cuja identidade de gênero é a mesma de seu sexo biológico.

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Travesti: identidade histórico-política, construída sócio culturalmente, da pessoa que é designada como sendo do sexo masculino, transiciona do masculino ao feminino e vive 24 horas no gênero feminino. Em reconhecimento e respeito a esta identidade deve-se sempre dizer a travesti e nunca o travesti.


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Transexual : pessoa que possui uma identidade de gênero oposta ao sexo designado (normalmente no nascimento). Geralmente usa hormônios, mas há exceções. Nem toda pessoa transexual deseja fazer cirurgia para mudança de sexo.


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Héterossexual: pessoa que sente atração física e afetiva por pessoa oposta ao sexo ou gênero.


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Homossexual: pessoa que sente atração física e afetiva por pessoa do mesmo sexo ou gênero.


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Bissexual: Pessoa que sente atração sexual por mais de um gênero. A diferença entre a bissexualidade e a homossexualidade é que também pode haver hipótese de atração entre pessoas do sexo oposto.


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Gay: palavra inglesa utilizada para designar o indivíduo (homem ou mulher) homossexual. Embora, algumas vezes, gay seja usado para designar homens e mulheres homossexuais e bissexuais, tal uso tem sido constantemente rejeitado por implicar na invisibilidade da lesbianidade e da bissexualidade. Sendo assim, a palavra gay é utilizada no senso comum, para se referir a homens que sentem atração afetivo/sexual por outros homens.


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Lésbica: mulher que experimenta amor romântico e/ou atração sexual por outras mulheres.


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Drag queen : são personagens criados por artistas performáticos que se travestem, fantasiando-se cômica ou exageradamente com o intuito geralmente profissional artístico. Chama-se drag queen a pessoa que se veste com roupas exageradas femininas estilizadas e drag king a pessoa que se veste como homem. A transformação em drag queen (ou king) geralmente envolve, por parte do artista, a criação de um personagem caracteristicamente cômico e/ou exagerado.


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Homofobia // aversão, ódio, atitudes e sentimentos negativos a pessoas homossexuais.


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Gayfobia / aversão, ódio, atitudes e sentimentos negativos a pessoas gays.


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Lesbofobia / aversão, ódio, atitudes e sentimentos negativos a pessoas lésbicas.


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Transfobia // ódio ou intolerância as pessoas transexuais e a diversidade de gênero a partir da crença de que a identidade/expressão sexual de uma pessoa deve corresponder ao seu sexo biológico.


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LGBTFOBIA: aversão, ódio, atitudes e sentimentos negativos a pessoas da comunidade LGBTI+.


REFERÊNCIAS
ABGLT. Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Disponível em: <http://www.abglt.org.br/port/index.php>. Acesso em: 10 nov. 2019.

BARROS, Mariângela Estelita. ELiS – Sistema brasileiro de escrita das línguas de sinais. Porto Alegre: Penso, 2015.

BRASIL. Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, 24 abr. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- 2006/2005/decreto/d5626.htm. Acesso em: 15 set. 2018.

GESSER, Audrei. LIBRAS? que língua é essa?: crenças e preconceitos em torno da língua de HAIRSTON, Ernest; SMITH, Linwood. Black and deaf in America: are that different. TJ Publishers, Inc., 1983.