domingo, 1 de março de 2015

Emília escandalosa, um perigo à moral e aos bons costumes.

Emília Amália Pinto de Magalhães, a mãe de Aluísio Azevedo, era uma bela rapariga branca, nascida em Lisboa, filha de um bem sucedido comerciante, viveu sua adolescência e juventude em São Luís do Maranhão, protegida e resguardada tal qual um ostensório de ouro, no aguardo de um "bom casamento" (bom para o pai dela claro). Antes de completar os dezessete anos foi apresentada ao seu noivo, um português branco e esperto nos negócios, garantia de uma vida segura e confortável, dentro dos padrões de conforto e decência da sociedade luso-brasileira do século XIX. Obediente, submissa e resignada, Emília Amália aceitou seu desígnio, apesar do sofrimento que sentia. Percebendo o que significava ser casada e percebendo-se imersa em um típico casamento tradicional, pautado na moral e nos bons costumes machistas brasileiros, Emília Amália surpreendeu seu marido, sua família e toda a "boa sociedade" de São Luís ao abandonar o marido, levando consigo a filha pequena, primogênita do casal. A sociedade ficou escandalizada com o atrevimento da senhora dona Emília Amália e passou a repudiá-la, a rechaçá-la, atentando inclusive contra sua vida, afinal de contas uma mulher com esse tipo de comportamento era uma ameaça aos valores e bons costumes daquela gente tão amante da retidão. O preço do pecado é a morte, pois então, morte à pecadora! Como tudo passa e já naquele tempo a memória dos brasileiros e das brasileiras já era curta, tempos depois, a poeira se assentou e dona Emília Amália, de volta à "boa sociedade", conheceu o vice-cônsul de Portugal, o senhor David Gonçalvez de Azevedo, que a tomou por esposa, passaram a morar amancebados no centro da cidade, provocando outro escândalo, atraindo novamente a hostilidade da sociedade maranhense contra Emília Amália. Apesar de o vice-cônsul ser viúvo, tiveram de viver amancebados, pois a senhora ainda era casada com seu abandonado marido. Meus mais profundos respeitos à dona Emília Amália e a seu amásio, o senhor David Azevedo, por todos os escândalos causados à sociedade de São Luís do Maranhão, pleno século XIX. (Tânia Rezende, em Confissões de Bertoleza).

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